Igreja no Mundo

Nuncio Apostólico na Síria: "nunca mais esses crimes"


Cidade do Vaticano (RV) – Tem início nesta segunda-feira, 26, a inspeção da ONU sobre o uso de armas químicas na Síria. Uma decisão de Damasco atrasada, segundo os Estados Unidos. Precisamente Washington, – segundo a imprensa internacional –, estaria pensando em um ataque em breve tempo com o apoio de Londres. Rússia lança o apelo a não repetir os erros do Iraque.

Entretanto o governo de Assad assegura “plena colaboração aos inspetores da ONU inclusive o bloqueio total das hostilidades na área interessada”. Portanto, sinal verde para as investigações sobre o uso de gás sarin contra os civis, fato que os rebeldes atribuem ao governo, enquanto a organização Médicos sem Fronteiras confirmou ter atendido um elevado número de pessoas com sintomas de intoxicação. Entre elas pelos menos 350 perderam a vida em hospitais da ONG.

A Rússia reivindica o sucesso diplomático de ter convencido o governo de Assad a colaborar, enquanto chama a atenção dos Estados Unidos contra a possibilidade de uma intervenção. Mas também o Irã traça a sua pessoal “linha vermelha” e adverte Washington: “se atacar a Síria, esperem consequências muito pesadas”.

Mas o Presidente Obama, entretanto, aplaca a fúria da França e Grã Bretanha que gostariam de uma intervenção imediata: o chefe da Casa Branca reafirmou que sem o OK da ONU, não vai haver nenhuma ação militar na Síria. O que equivale a dizer que a intervenção não ocorrerá, pois a Rússia está pronta a por o seu veto. Na incerteza, porém Washington reforça a sua presença naval no Mediterrâneo: mais um navio somou-se à sexta frota já presente na área.

Sobre aos dramáticos eventos que estão se verificando na Síria, a Rádio Vaticano ouviu o Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari.

R. - Eu, nestes últimos dias, vendo as imagens terríveis que chocaram todos, ouvi o grito dessas crianças, destas vítimas inocentes, este grito para o céu e um grito para a comunidade internacional: não podemos permanecer em silêncio, diante deste grito, diante deste apelo que chega desses inocentes! Naturalmente, eu rezo para que aqueles que têm responsabilidade neste campo - a comunidade internacional, os seus líderes - sejam dotados de muita sabedoria e muita prudência. Devemos fazer de modo que não se repitam nunca mais, nunca mais, esses crimes, esses massacres ... A comunidade internacional deve fazer todo o possível para não ver mais essas imagens que nos abalaram! É preciso encontrar os meios mais adequados e mais oportunos, que não compliquem a situação. Rezemos para que aqueles que têm essas responsabilidades tenham sabedoria e prudência.

P. - Parece cada vez mais provável que tenham sido usadas armas químicas ...

R. - A comunidade internacional está aqui para verificar e estabelecer e espero que haja colaboração por parte das autoridades locais e da parte de todas que estão envolvidos no conflito, de modo que se chegue a uma conclusão.

P. - Nessa guerra, entretanto, quem está pagando mais são sempre os civis, os inocentes, as crianças ...

R. - ... e isso está acontecendo desde o início do conflito, há dois anos e meio. Cerca de um ano atrás, quando aqui em Damasco, os sons da guerra se faziam ouvir, eu tinha a impressão de que a Síria estivesse iniciando a triste descida ao inferno. Hoje, após esses fatos, eu acho que nos questionamos se já chegamos ao fundo desse abismo ... (SP)

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