Santos do dia


S. Luis Versiglia
Nasceu em Oliva Gessi (Pavía) no dia 05 de junho de 1873; aos doze anos foi recebido por Dom Bosco.
Ordenado sacerdote em 1895, durante dez anos foi mestre de noviços em Genzano de Roma.
Em 1906 chefiou a primeira expedição salesiana à China, realizando assim uma repetida profecia de Dom Bosco. Tendo fundado em Macau a "casa mãe" salesiana, abriu a missão de Shiu Chow e, no dia 22 de abril de 1920, foi sagrado seu primeiro Bispo.
Sábio e incansável, verdadeiro pastor todo dedicado ao seu rebanho, deu ao Vicariato uma sólida estrutura com um seminário, casas de formação, várias residências, orfanato, asilo para idosos.
Demonstrando ser mais pai do que homem de autoridade, dava o exemplo do trabalho e da caridade que nada ordena sem antes ter medido as forças dos co -irmãos. S. Calisto Caravario

Callisto Caravario SDB,
Callisto Caravario SDB, (Cuorgnè (Turim), 18 de Junho de 1903 — Li –Thau -Tseul, 25 de Fevereiro de 1930), também grafado Calixto  Caravario, foi um sacerdote salesiano, mártir na China, proclamado santo da Igreja Católica Romana por decisão do papa João Paulo II. Comemora-se a 25 de Fevereiro, aniversário da sua morte.

S. Sebastião de Aparício
Nascido na Espanha, em 1502, era filho de pobres lavradores e teve uma infância muito difícil. Quando vivia em Salamanca, onde tentou ganhar a vida, enviava constantemente dinheiro aos seus pais, os quais nunca esquecerão.
Mas foi no México que sua vida mudou radicalmente. Tornou-se um rico comerciante e proprietário de terras. Sempre preocupado com sua vida espiritual, São Sebastião decidiu dedicar-se apenas à agricultura para não se corromper com as oportunidades do dinheiro fácil. Casou-se duas vezes e sempre deu exemplos de vida espiritual e ajuda aos pobres.

Por fim, aos 70 anos, renunciou a tudo e decidiu ingressar na ordem dos franciscanos, tornando-se irmão leigo. Morreu com 98 anos, em 1600, e foi canonizado em 1786 pelo papa Pio VI.


VATICANO, 23 Fev. 13 (ACI) .- Ao concluir hoje os Exercícios Espirituais da Cúria Romana, cujo tema foi “Arte de acreditar, arte de orar”, o Papa Bento XVI assegurou que “acreditar não é outra coisa que, na escuridão do mundo, tocar a mão de Deus, e assim, em silêncio, escutar a Palavra, perceber o Amor”.

O Santo Padre agradeceu ao pregador dos exercícios, o Presidente do Pontifício Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, e assegurou que as pregações foram como “formosas caminhadas pelo mundo da fé e do universo dos Salmos”.

O Papa assinalou que “me veio à mente o que os teólogos medievais traduziram pela palavra ‘logos’ não só como ‘verbum’, mas também também como ‘ars’: ‘Verbum’ e ‘ars’ são intercambiáveis. Só nas duas juntas aparece, para os teólogos medievais, todo o significado da palavra ‘logos’. O ‘Logos’ não é só uma razão matemática: o ‘Logos’ tem um coração, ‘Logos’ é também amor”.

“A verdade é bela. Verdade e beleza vão de mãos dadas: a beleza é o selo da verdade”.

Entretanto, apontou o Papa, “o ‘muito bom’ do sexto dia - expresso pelo Criador – é contradito permanentemente pelo mal deste mundo, pelo sofrimento, pela corrupção. Quase como se o maligno quisesse sujar permanentemente a criação, para contradizer Deus e tornar irreconhecível sua verdade e sua beleza”.

“Em um mundo tão marcado também pelo mal, o Filho encarnado, o ‘Logotipos’ encarnado é coroado com uma coroa de espinhos e entretanto, precisamente por isso, nesta figura sofredora do Filho de Deus, começamos a ver a beleza mais profunda de nosso Criador e Redentor, podemos, no silêncio da ‘noite escura’ escutar a Palavra”.

O Santo Padre exortou a que “sigamos caminhando ulteriormente neste misterioso universo da fé, para sermos cada vez mais capazes de orar, de rezar, de anunciar, de sermos testemunhos da Verdade, que é bela, que é Amor”.

“Ao final, queridos amigos, queria agradecer a todos. E não só por esta semana, mas também por estes oito anos, nos que levaram comigo - com grande competência, afeto, amor e fé - o peso do ministério petrino”.

Bento XVI assegurou que “fica em mim esta gratidão e embora agora termine, permanece uma profunda comunhão na oração. Com esta certeza sigamos adiante, seguros da vitória de Deus, seguros da Verdade, da beleza e do amor. Obrigado a todos!”.





Segunda-feira da 2ª semana da Quaresma

Evangelho (Lc 6,36-38): Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: «Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes para os outros, servirá também para vós».

Comentário
Dai e vos será dado
Hoje, o Evangelho segundo São Lucas proclama uma mensagem mais densa do que breve, e note-se que é mesmo muito breve! Podemos reduzi-la a dois pontos: um enquadramento de misericórdia e um conteúdo de justiça.

Em primeiro lugar, um enquadramento de misericórdia. Com efeito, a máxima de Jesus sobressai como uma norma e resplandece como um ambiente. Norma absoluta: se o nosso Pai do céu é misericordioso, nós, como filhos seus, também o devemos ser. E como é misericordioso, o Pai! O versículo anterior afirma: «(...) e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus» (Lc 6,35).

Em segundo lugar, um conteúdo de justiça. Efetivamente, encontramo-nos perante uma espécie de “lei de talião”, nos antípodas (oposta) da que foi rejeitada por Jesus («Olho por olho, dente por dente»). Aqui, em quatro momentos sucessivos, o divino Mestre ensina-nos, primeiro, com duas negações; depois, com duas afirmações. Negações: «Não julgueis e não sereis julgados»; «Não condeneis e não sereis condenados». Afirmações: «Perdoai e sereis perdoados»; «Dai e vos será dado».

Apliquemo-las fielmente à nossa vida de todos os dias, atendendo especialmente à quarta máxima, como faz Jesus. Façamos um corajoso e lúcido exame de consciência: se em matéria familiar, cultural, econômica e política o Senhor julgasse e condenasse o nosso mundo como o mundo julga e condena, quem poderia enfrentar esse tribunal? (Ao regressar a casa e ao ler os jornais ou escutar as notícias, pensemos apenas no mundo da política). Se o Senhor nos perdoasse como o fazem normalmente os homens, quantas pessoas e instituições alcançariam a plena reconciliação?

Mas a quarta máxima merece uma reflexão particular já que, nela, a boa lei de talião que estamos a considerar fica, de alguma forma, superada. Com efeito, se dermos, nos darão na mesma proporção? Não! Se dermos, receberemos — notemo-lo bem — «Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante» (Lc 6,38). É pois à luz desta bendita desproporção que somos exortados a dar previamente. Perguntemo-nos: quando dou, dou bem, dou procurando o melhor, dou com plenitude?



VATICANO, 24 Fev. 13 (ACI) .- No marco do segundo domingo da Quaresma, e em seu último ângelus como Sumo Pontífice Bento XVI fez um chamado à primazia da oração na vida cristã, e partilhou que, agora, mediante uma vida de oração “não abandono a Igreja, pelo contrário. Continuarei a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor”.

A Praça S. Pedro, informou a Rádio Vaticano, estava repleta neste domingo para este evento histórico. Faixas e cartazes em várias línguas demonstraram o carinho dos fiéis. A Praça se enchia desde as primeiras horas da manhã aos poucos foi sendo tomada por religiosas, sacerdotes, turistas, mas principalmente por famílias com crianças e muitos jovens.

Ao meio-dia, assim que a cortina da janela de seus aposentos se abriu, Bento XVI foi aclamado pela multidão.

Em sua catequese o Papa iniciou a meditação ressaltando que “no segundo domingo da Quaresma, a liturgia nos apresenta sempre o Evangelho da Transfiguração do Senhor”.

“O evangelista Lucas coloca especial atenção para o fato de que Jesus foi transfigurado enquanto orava: a sua é uma profunda experiência de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em uma alta montanha na companhia de Pedro, Tiago e João.

“O Senhor, que pouco antes havia predito sua morte e ressurreição (9:22), oferece a seus discípulos antes da sua glória. E mesmo na Transfiguração, como no batismo, ouvimos a voz do Pai Celestial, "Este é o meu Filho, o Eleito ouvi-lo" (9:35). A presença de Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas da Antiga Aliança, é muito significativa: toda a história da Aliança está focada Nele, o Cristo, que faz um "êxodo" novo (9:31) , não para a terra prometida, como no tempo de Moisés, mas para o céu”, explicitou o Papa.

Meditando sobre a atitude do Apóstolo Pedro que queria continuar no Tabor, prolongando a experiência de comunhão com o Senhor, o Papa afirmou que da Transfiguração do Senhor “podemos tirar um ensinamento muito importante. Primeiro, o primado da oração, sem a qual todo o trabalho de apostolado e de caridade é reduzido ao ativismo. Na Quaresma, aprendemos a dar bom tempo para a oração, pessoal e comunitária, o que dá ânimo à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é isolar-se do mundo e suas contradições, como no Tabor desejava Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. "A vida cristã - Eu escrevi na Mensagem para a Quaresma - consiste em uma subida contínua da montanha para encontrar-se com Deus, antes de cair de volta trazendo o amor e o poder dele derivado, a fim ! de servir os nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus "

Partilhando sobre seu retiro a uma vida dedicada à oração e reflexão, que terá início após sua renúncia que será efetiva dentro de 3 dias, o Papa afirmou que “o Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isso é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças”.

Mediando o Evangelho de Hoje
Evangelho (Mt 16,13-19): Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos discípulos: «Quem é que as pessoas dizem ser o Filho do Homem?». Eles responderam: «Alguns dizem que és João Batista; outros Elias; outro ainda, Jeremias ou algum dos profetas». «E vós”, retomou Jesus, “quem dizeis que eu sou?». Simão Pedro respondeu: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo».

Jesus então declarou: «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus».

Comentário:
Eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja.
Hoje, celebramos a Cátedra de São Pedro. Pretende-se destacar com esta celebração, o fato de que – como um dom de Jesus Cristo para nós — o edifício da Igreja se apoia sobre o Príncipe dos Apóstolos, que goza de uma ajuda divina peculiar para realizar essa missão. Assim o manifestou o Senhor em Cesareia de Filipo: «Eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja» (Mt 16,18). Efetivamente, «só Pedro foi escolhido para ser posto à frente da vocação de todas as nações, de todos os Apóstolos e de todos os padres da Igreja» (São Leão Magno).

A Igreja beneficiou, desde o seu início, do ministério petrino, de modo que São Pedro e os seus sucessores presidiram a caridade, foram fonte de unidade e tiveram, muito especialmente, a missão de confirmar na verdade os seus irmãos.

Jesus, uma vez ressuscitado, confirmou esta missão a Simão Pedro. Ele, que já tinha chorado, profundamente arrependido, a sua tríplice negação de Jesus, faz agora uma tripla manifestação de amor: «Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo» (Jo 21,17). Então o Apóstolo viu com alívio como Jesus não o desdisse e o confirmou, por três vezes, no ministério que antes lhe tinha anunciado: «Cuida das minhas ovelhas» (Jo 21,16.17).

Esta potestade não resulta de mérito próprio, como tão pouco o fora a declaração de fé de Simão em Cesareia: «Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu» (Mt 16,17). Sim, trata-se de uma autoridade com potestade suprema, recebida para servir. É por isso que o Romano Pontífice, quando assina os seus escritos, o faz com o seguinte título honorífico: Servus servorum Dei.

Trata-se, portanto, de um poder para servir a causa da unidade, fundamentada sobre a verdade. Façamos o propósito de rezar pelo Sucessor de Pedro, de prestar delicada atenção às suas palavras e de agradecer a Deus esta grande dádiva.

Pensamento do Dia.
"Como se poderia viver sem a ciência das Escrituras, através das quais se aprende a conhecer o próprio Cristo, que é a vida dos crentes?"
 (São Jerônimo, 347 -420)



O amor de um Deus que age concretamente na existência humana
Prosseguem as meditações do cardeal Gianfranco Ravasi nos exercícios espirituais do papa
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 21 de Fevereiro de 2013 - O cardeal Gianfranco Ravasi vem conduzindo uma "peregrinação" em busca da face de Deus em suas meditações durante os exercícios espirituais de quaresma, com a presença do papa e da cúria romana.
Nesta segunda-feira, as reflexões abordaram a revelação divina através da Palavra, da criação e da liturgia, que permite o encontro entre Deus e o homem na encruzilhada entre a dimensão vertical e a horizontal. "Se olharmos bem para a nossa liturgia, vemos um olhar constantemente fixo no alto, na transcendência de Deus e de Cristo, na sua Palavra, mas também nos irmãos".
É na liturgia que o Pai Eterno se torna presente para o homem, como uma “tenda do encontro” e como “santuário sagrado”. Mas Deus também se revela na história, disse o cardeal na quinta meditação. Não é só no espaço que o Criador encontra a criatura: também o tempo é "lugar" privilegiado da teofania.
É o que proclamam os Salmos, nas passagens que tratam de um Deus que age concretamente na história de um povo, o povo de Israel, libertado da escravidão no Egito pela mão divina. Uma história que o cardeal chama de “credo histórico de Israel” e que contém uma verdade evidente: a fé está ligada aos fatos.
"A história é e deve ser sempre o nosso lugar dileto de encontro com nosso Senhor, nosso Deus. Mesmo que seja um lugar de escândalos, uma terra em que muitas vezes deparamos com o silêncio de Deus e com a apostasia dos homens", disse Ravasi.
A ação de Deus se revela na sequência dos eventos, sejam os marcados pela alegria, sejam os perpassados de sofrimento, conforme nos demonstra o “evento por excelência”: a encarnação. É preciso recordar também que a história humana não é só uma trama sem sentido, mas um desígnio feito pelo próprio Deus, de acordo com um plano ditado pela esperança, a "irmã caçula" da fé e da caridade.
"A esperança nos dá a certeza de não estarmos à mercê de um destino imponderável. Nosso Deus se define, em Êxodo, 3, com o pronome da primeira pessoa, Eu, e com o verbo fundamental: Eu sou. Ele é Pessoa que age, que vive no interior dos eventos. A nossa relação com Deus, portanto, é uma relação de confiança, de diálogo e de contato".
Deus é um pastor, um guia e companheiro de viagem amoroso, que protege o seu povo-rebanho de todo pesadelo natural e histórico. "Celebramos a fidelidade de Deus apesar da infidelidade humana", disse o cardeal. A proximidade amorosa de Deus no sofrimento do deserto, assim como o êxodo, a libertação da escravidão e a criação em si, são todos gestos que mostram o cuidado que Deus tem pela humanidade.
Eles culminam no sinal mais profundo do amor divino: Jesus Cristo, o Messias, que é "justo, sacerdote e filho de Deus". Estas três características foram o foco da sexta meditação. À luz dos Salmos 72, 110 e 2, elas revelam alguns aspectos da figura messiânica.
Se os profetas "apontavam o dedo contra os abusos de poder e contra a resignação às injustiças", disse Ravasi, “o Messias vem ensinar um tipo diferente de justiça: ser o último dos últimos, o defensor dos indefesos, o pobre entre os pobres”.
"Paulo deu a melhor definição dessa justiça, situada no nível das vítimas da injustiça. No famoso hino de Filipenses, 2, ele diz: Mesmo na condição de Deus, ele não considerou um privilégio ser como Deus, mas esvaziou-se de si mesmo, tomando a forma de servo e se tornando semelhante aos homens".
O Messias faz brilhar a justiça para os últimos. Ele é o pai dos pobres e o defensor das viúvas (Salmo 68). É Ele que, “sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para vos tornardes ricos com a sua pobreza” (2Cor 8,9). O sacerdócio de Cristo é um sacerdócio "de graça", que atinge o seu cume na ressurreição, ato de amor com que o Filho de Deus revela plenamente a sua divindade. É preciso "contemplar a figura de Cristo, o Messias que tem em si todo o sopro do Antigo Testamento e o leva à plenitude".
Finalmente, na última reflexão de ontem, o cardeal voltou ao tema da teofania, que, depois da palavra, do espaço, da liturgia e do tempo, se manifesta na criatura. Recordando a passagem do Gênesis que diz que “Deus criou o homem à sua imagem”, Ravasi perguntou: "O que é a imagem de Deus?". "Homem e mulher os criou", observou ainda. Isto leva a outra pergunta: "A imagem de Deus que está em nós seria talvez a bipolaridade sexual? Deus é sexuado?".
O significado é bastante simples, considera o cardeal: "Quando um homem e uma mulher se amam e geram, eles continuam a criação. Eles são a imagem do Criador". E, como o Criador, geram a criatura, o embrião no ventre materno, um pequeno ponto de partida de uma vida sobre a qual já se projeta a grandeza do olhar divino.
"Deus vê, naquela mínima criatura, toda a sua história, toda a sequência dos seus dias que virão; ele já vê os esplendores e misérias daquela criatura". Desde "esse início absoluto", a criatura humana está "sempre sob o olhar de Deus, que se estende ao longo de todo o itinerário da sua existência".
Ela é "um lugar onde interceptamos a presença de Deus". Para nós, cristãos, ela tende a se tornar "objeto de atenção contínua, de paixão, de amor", até porque o homem “tem um mandado divino a preservar, um trabalho a fazer nesta terra: representar o seu Supremo Soberano”.



Festa da Cátedra de São Pedro

22 de Fevereiro


A- A+

Festa da Cátedra de São PedroFesta da Cátedra de São Pedro. É com alegria que hoje nós queremos conhecer um pouco mais a riqueza do significado da cátedra, do assento, da cadeira de São Pedro que se encontra na Itália, no Vaticano, na Basílica de São Pedro. Embora a Sé Episcopal seja na Basílica de São João de Latrão, a catedral de todas as catedrais, a cátedra com toda a sua riqueza, todo seu simbolismo se encontra na Basílica de São Pedro.
Fundamenta-se na Sagrada Escritura a autoridade do nosso Papa: encontramos no Evangelho de São Mateus no capítulo 6, essa pergunta que Jesus fez aos apóstolos e continua a fazer a cada um de nós: "E vós, quem dizei que eu sou?" São Pedro,0 em nome dos apóstolos, pode assim afirmar: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está no céus, e eu te declaro: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; eu te darei a chave dos céus tudo que será ligado na terra serás ligado no céu e tudo que desligares na terra, serás desligado nos céus".
Logo, o fundador e o fundamento, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Crucificado que ressuscitou, a Verdade encarnada, foi Ele quem escolheu São Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja e o capacitou pelo Espírito Santo com o carisma chamado da infalibilidade. Esse carisma bebe da realidade da própria Igreja porque a Igreja é infalível, uma vez que a alma da Igreja é o Espírito Santo, Espírito da verdade.
Enfim, em matéria de fé e de moral a Igreja é infalível e o Papa portando esse carisma da infalibilidade ensina a verdade fundamentada na Sagrada Escritura, na Sagrada Tradição e a serviço como Pastor e Mestre.
De fato, o Papa está a serviço da Verdade, por isso, ao venerarmos e reconhecermos o valor da Cátedra de São Pedro, nós temos que olhar para esses fundamentos todos. Não é autoritarismo, é autoridade que vem do Alto, é referência no mundo onde o relativismo está crescendo, onde muitos não sabem mais onde está a Verdade.
Nós olhamos para Cristo, para a Sagrada Escritura, para São Pedro, para este Pastor e Mestre universal da Igreja, então temos a segurança que Deus quer nos dar para alcançarmos a Salvação e espalharmos a Salvação.
Essa vocação é do Papa, dos Bispos, dos Presbíteros, mas também de todo cristão.

São Pedro, rogai por nós!



Beatos Francisco e Jacinta

No ano de 1908, nasceu Francisco Marto. Em 1910, Jacinta Marto. Filhos de Olímpia de Jesus e Manuel Marto. Eles pertenciam a uma grande família; e eram os mais novos de nove irmãos. A partir da primavera de 1916, a vida dos jovens santos portugueses sofreria uma grande transformação: as diversas aparições do Anjo de Portugal (o Anjo da Paz) na "Loca do Cabeço" e, depois, na "Cova da Iria". A partir de 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceria por 6 vezes a eles.
O mistério da Santíssima Trindade, a Adoração ao Santíssimo Sacramento, a intercessão, o coração de Jesus e de Maria, a conversão, a penitência... Tudo isso e muito mais foi revelado a eles pelo Anjo e também por Nossa Senhora, a Virgem do Rosário. Na segunda aparição, no mês de junho, Lúcia (prima de Jacinta e Francisco) fez um pedido a Virgem do Rosário: que ela levasse os três para o Céu. Nossa Senhora respondeu-lhe: "Sim, mas Jacinta e Francisco levarei em breve". Os bem-aventurados vivenciaram e comunicaram a mensagem de Fátima. Esse fato não demorou muito. Em 4 de abril de 1919, Francisco, atingido pela grave gripe espanhola, foi uma das primeiras vítimas em Aljustrel. Suas últimas palavras foram: "Sofro para consolar Nosso Senhor. Daqui, vou para o céu".
Jacinta Marto, modelo de amor que acolhe, acolheu a dor na grave enfermidade, tendo até mesmo que fazer uma cirurgia sem anestesia. Tudo aceitou e ofereceu, como Nossa Senhora havia lhe ensinado, por amor a Jesus, pela conversão dos pecadores e em reparação aos ultrajes cometidos contra o coração imaculado da Virgem Maria. Por conta da mesma enfermidade que atingira Francisco, em 20 de fevereiro de 1920, ela partiu para a Glória. No dia 13 de maio do ano 2000, o Papa João Paulo II esteve em Fátima, e do 'Altar do Mundo' beatificou Francisco e Jacinta, os mais jovens beatos cristãos não-mártires.
Beatos Francisco e Jacinta, rogai por nós!

Quarta-feira da 1ª semana da Quaresma

Evangelho (Lc 11,29-32): E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer: «Maligna é esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas; Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração”. A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois até dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão. “Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está quem é maior do que Jonas».

Palavra da Salvação

Pensamento do dia.
  
"O amor exclui o temor"

São Padre Pio de Pietrelcina


ROMA, 19 Fev. 13 (ACI/EWTN Noticias) .- Peter Seewald, o jornalista alemão que escreveu o livro-entrevista com o Papa Bento XVI publicado com o título de “Luz do mundo”, assinaloou ontem em um artigo no jornal italiano Il Corriere della Sera, onde descreve o Santo Padre como um pensador e um fie radical, cuja humilde espada é a simplicidade do amor.

“Um pensador radical, esta era minha impressão, e um crente radical que ainda na radical-idade de sua fé não toma a espada, mas outra arma muito mais potente: a força da humildade, da simplicidade e do amor”, escreve.

Para o jornalista, a pesar do cansaço, Bento XVI é um homem de paradoxos, vontade inquebrável, linguagem singela, voz forte, mansidão e rigor.

“Pensa muito bem, mas dispõe atenção aos detalhes. Encarna uma nova inteligência para reconhecer e revelar os mistérios da fé. É um teólogo, mas defende a fé do povo ante a religião dos acadêmicos... Um pensador que reza, e para quem, os mistérios de Cristo representam a realidade determinante da criação e da história do mundo”.

“Um amante do homem que, ante a pergunta de quantos caminhos levam a Deus, não duvida em responder: ‘Há tantos quanto os homens”.

Ninguém antes do Papa deixou ao povo de Deus uma obra tão imponente sobre Jesus –acrescenta- referindo-se à trilogia Jesus de Nazaré.
“É o maior teólogo alemão de todos os tempos”, categorizou.

Seewald assinala que a última entrevista que manteve com o Pontífice, foi há dez semanas no Palácio Apostólico, com o propósito de prosseguir a reconstrução de sua biografia. Naquela ocasião falaram, entre outras coisas, sobre a relação de Bento XVI com seus pais; de quando dissertou do exército hitleriano; e dos discos que escutava para aprender idiomas.

Durante o encontro, recorda que notou ao Santo Padre mais cansado do habitual, “a audição tinha diminuído, já não via do olho esquerdo, e o corpo se estava emagrecendo”, e “se tornou muito delicado, ainda mais amável e humilde, totalmente reservado. Não parecia doente, mas o cansaço que se apoderou de sua pessoa, corpo e alma, não podia ser ignorado por mais tempo”, acrescenta.

A primeira entrevista que uniu ambos, foi em novembro de 1992, na sede da Congregação para a Doutrina da Fé, quando o Papa ainda era o Cardeal Ratzinger.

Seewald explica que se precaveu desde o começo de sua sensibilidade sobre o conceito atual de progresso: “perguntava-se sobre se realmente se podia medir a felicidade do homem em função do produto interno bruto”, escreve.

Quatro anos depois, tiveram várias jornadas de trabalho para falar sobre o projeto de um livro dedicado à fé, à Igreja, ao celibato, entre outros temos; e explica que em sua atitude, sempre demonstrou um traço de humildade.

“Meu interlocutor não caminhava pela habitação dando voltas como costumam fazer os professores. Não havia nele o mais mínimo traço de vaidade, nem de presunção”. Além disso, o Papa “sempre levou a vida modesta de um monge, o luxo lhe era estranho e era completamente indiferente a um ambiente com um conforto superior ao estritamente necessário”, afirma.

“Impressionava-me sua superioridade, o pensamento que não ia de acordo ao passado do tempo e ao mesmo tempo, deixava-me surpreso de escutar as respostas pertinentes aos problemas de nossos tempos que aparentemente não tinham virtualmente solução, extraídos de grande tesouro de revelação, da inspiração dos Padres da Igreja e das reflexões desse guardião da fé que se sentava ante mim”, relata.

Os Vatileaks não foram motivo de renúncia para o Papa

O escritor explicou que também entrevistou o Papa em agosto passado em sua residência do verão de Castel Gandolgo, onde falaram sobre a fuga de documentos de caráter privado do Vaticano, mais conhecido como o caso Vatileaks.

“Este evento não fez que o Papa perdesse a bússola, nem lhe fez sentir o cansaço do seu cargo, ‘porque isto sempre pode acontecer’. O importante para ele era que durante o caso no Vaticano, se garantisse a independência do poder judicial, e que o monarca não possa dizer: eu me encarrego disto!'”, escreve Seewald.

“Não me deixo levar por uma espécie de desespero ou de dor universal”, “simplesmente me parece incompreensível. Inclusive tendo em conta a pessoa – Paolo Gabriele, ex- mordomo do Papa–, não entendo o que esperava. Não consigo entender sua psicologia”, disse Bento XVI em referência a seu ex- mordomo processado, condenado e posteriormente perdoado pelo Papa pelo caso Vatileaks.

Ante sobre que se podia esperar de seu pontificado, o Papa respondeu ao Seewald “De mim? Do meu (pontificado) não muito. Sou um homem ancião e as forças estão me abandonando. Acredito que basta o que tenho feito”, em referência a um hipotético retiro, acrescentou “depende do que me imponha minha energia física”.

Pequenos detalhes que comportam uma profunda mensagem

O escritor destaca também que o Papa é um homem de pequenos detalhes que encerram uma profunda mensagem. Como por exemplo que seu primeiro ato fosse uma carta dirigida à comunidade judia; que tirasse a tiara de seu emblema, símbolo do poder terrestre da Igreja; ou que nos sínodos para os bispos pedisse falar também com os hóspedes de outras religiões.

“Pela primeira vez um Papa visitou uma sinagoga alemã, e pela primeira vez um Papa visitou o mosteiro de Martin Lutero, um ato histórico sem igual”, adverte.

Outra mensagem é a supressão de beijar a mão ao Pontífice. Em uma ocasião, “um ex-aluno seu se ajoelhou para beijar-lhe o anel, tirou-o do braço e lhe disse: ‘comportemo-nos normalmente’, escreve assombrado Seewald.

Peter Seewald considera que Bento XVI é um homem de tradição, confia naquilo que está consolidado, mas sabe distinguir entre o que é verdadeiramente eterno e o que é válido só pela época em que saiu à luz.

“E se for necessário, como no Caso da Missa Tridentina, une o antigo ao novo, para que unidos não se reduza o espaço litúrgico, mas na verdade se amplie”, adiciona.

Para Seewald, o Papa foi apresentado pela imprensa internacional como um persecutor quando na verdade foi um perseguido, uma espécie de “bode expiatório ao qual atribuir qualquer injustiça”, assinala.

“Entretanto, ninguém jamais o escutou lamentar-se. “Ninguém escutou dizer uma palavra maldosa ou um comentário negativo sobre outras pessoas”.

Bento XVI “se vai, mas seu legado permanece. O sucessor deste muito humilde Papa da era moderna seguirá seus passos. Terá outro carisma, seu próprio estilo, mas uma mesma missão… incentivar aqueles que unem o patrimônio da fé, que permanecem valentes, anunciam uma mensagem, e dão testemunho autêntico”, conclui. 

Cristãos na Terra Santa agradecem ao Papa Bento XVI

JERUSALÉM, 19 Fev. 13 / 01:02 pm Os bispos católicos da Terra Santa, encabeçados pelo Arcebispo Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, em uma mensagem dirigida ao Papa Bento XVI em nome de todo o povo de Israel, Palestina, Jordânia e Chipre, e em companhia de todos os fiéis que vivem nesta região: judeus, cristãos, muçulmanos, drusos, recordaram ao Pontífice como homem de paz, e assinalaram "como Jesus no Getsemani: Que seja feita a vontade do Pai".
Todos os cristãos: católicos, ortodoxos, anglicanos, protestantes e, sobretudo, os fiéis das nossas dioceses e paróquias expressam com o coração seu agradecimento, conforme se lê no texto, que recorda também as duas visitas do Papa (maio de 2009 e junho de 2010) e a exortação apostólica "Ecclesia in Medio Oriente", resultado do Sínodo sobre o Oriente Médio que aconteceu em Roma no outono desse mesmo ano.
Naquela ocasião, recorda a mensagem, Bento XVI "pediu a todos que não tivéssemos medo de caminhar em liberdade e na verdade por caminhos difíceis e que atravessássemos a porta estreita que conduz a uma cultura de paz, apoiada em gestos reais de perdão recíproco e reconciliação dos corações".
"Em companhia dos nossos fiéis, estamos cheios de gratidão porque nos animaste para que sejamos as chamas acesas que iluminam o Cenáculo e os lugares santos cristãos, e para construir uma ponte de diálogo e de colaboração construtiva".
Os Ordinários da Terra Santa indicaram que será difícil esquecer a fé genuína de Bento XVI, seu "sentire cum Ecclesia" (sentir com a Igreja), seu sentido do dever na absoluta fidelidade e na dedicação, seu exemplo de honestidade intelectual, de simplicidade e de profunda humildade.
À luz dos últimos sucessos, afirmam, soam como um convite à esperança as palavras da Exortação apostólica de 2010: "o Sucessor de Pedro, que sou eu, não esquece as tribulações e os sofrimentos dos fiéis de Cristo e, sobretudo, dos que vivem no Oriente Médio".

Terça-feira da 1ª semana da Quaresma

Evangelho (Mt 6,7-15): «E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

»Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas».
Palavra da Salvação

Mais um sacerdote assassinado na América Latina



Caracas (RV) – Mais um sacerdote assassinado na América Latina. Trata-se do sacerdote venezuelano Padre José Mendonza, de 44 anos, morto no último domingo, 17, no Estado de Lara.

O sacerdote estava no bairro El Manzano, na cidade de Iribarren, quando seu automóvel foi interceptado por um grupo quando parou num semáforo vermelho. Segundo informações recolhidas pela polícia local, o sacerdote acelerou o carro, sendo então alvejado pelos bandidos. Padre Mendonza morreu com um tiro na cabeça.

As primeiras informações foram reportadas pelo jornal local “El Informador”, que descreveu o delito como uma tentativa de roubo. Autoridades locais abriram uma investigação sobre o ocorrido.

Padre José Mendonza era pároco da Igreja San Juan Evangelista. O Arcebispo de Barquisimeto, Dom Antonio José López Castillo, que fez o reconhecimento do corpo, declarou que “padre Mendonça era um homem de oração. A violência não é o caminho para seguir em frente. Tiraram a vida de um ministro de Deus. Aqueles que fizeram isto tiraram a vida de um inocente”, lamentou o prelado.

Em 2010 havia sido morto outro sacerdote no Estado de Bolívar. Na América Latina este é o quarto sacerdote assassinado deste o início de 2013. (JE)

São Conrado

O santo de hoje viveu em Placência, na Itália, lugar onde casou-se também. Um homem de muitos bens, dado aos divertimentos e à caça. Numa ocasião de caçada, acidentalmente provocou um incêndio, prejudicando a muitas pessoas.
Ele então fugiu, e a polícia prendeu um inocente, que não sabendo se defender, estava prestes a ser condenado e executado.
Quando Conrado soube disso, se apresentou como responsável pelo incêndio e se propôs a vender todos os bens para reconstruir tudo o que o incêndio destruiu.
A partir daí, ele e sua esposa começaram a fazer uma caminhada séria e profunda no Cristianismo, buscando a vontade de Deus.
No discernimento dessa vontade, o casal fez o 'voto josefino'. Ambos se consagraram a Deus para viverem o celibato. Ela foi para um convento e ele retirou-se para um alto monte vivendo por quarenta anos como um eremita. Na oração e na intimidade com Deus, se ofertou a muitos. A muitos que hoje causam prejuízos para si e para os outros.
São Conrado, rogai por nós!

O papa não exerceu um poder, mas cumpriu uma missão
Pe. Federico Lombardi: um depoimento à Rádio Vaticano

CIDADE DO VATICANO, 18 de Fevereiro de 2013 (Zenit.org) - A declaração da renúncia de Bento XVI ao pontificado, na segunda-feira passada, abalou o mundo, tão inesperada que era para a maioria, dentro e fora da Igreja e do Vaticano. Todos ficamos profundamente tocados e ainda tentamos entender o seu alcance e o seu significado.
Mas, para sermos honestos, é uma decisão que surpreendeu mais aqueles que não o conheciam do que aqueles que o acompanhavam com atenção. Ele tinha falado claramente desta possibilidade no livro-entrevista "Luz do Mundo"; tinha um jeito sempre discreto e prudente de falar sobre os compromissos futuros do seu pontificado; era absolutamente claro que ele estava cumprindo uma missão recebida, mais do que exercendo um poder adquirido.
Realmente não foi por falsa humildade que, no início do papado, ele se apresentou como "um humilde trabalhador na vinha do Senhor", sempre cuidadoso para usar com sabedoria as forças físicas, que não eram mais exuberantes, a fim de realizar do melhor modo possível o trabalho imenso que lhe foi confiado, e que para ele era inesperado, pois já estava com uma idade avançada.
Sabedoria humana e cristã admirável de quem vive diante de Deus, na fé, em liberdade de espírito; de quem conhece as suas responsabilidades e forças; e que indica, na renúncia, uma perspectiva de esperança e de compromisso renovado. Um grande ato de governo da Igreja, não, como alguns pensam, porque o papa não sentisse mais a força para guiar a cúria romana, e sim porque os grandes problemas da Igreja e do mundo, dos quais ele é mais do que consciente, requerem hoje uma grande força e um horizonte de tempo de governo proporcional a grandes empreitadas, que não pode ser de curta duração.
Bento XVI não nos abandona no momento de dificuldade. Com segurança, ele convida a Igreja a se confiar ao Espírito e a um novo sucessor de Pedro. Ele disse que sente quase fisicamente a intensidade da oração e do amor que o acompanha. E nós sentiremos, por nossa vez, a intensidade única da sua oração e do seu afeto pelo sucessor e por nós.
Provavelmente, esta relação espiritual será ainda mais profunda e mais forte do que antes. Intensa comunhão na liberdade absoluta.

Bento XVI: o que há por trás da renúncia

«Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim, que preciso reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado».
Foi com essas palavras que, no dia 11 de fevereiro, durante uma reunião com os cardeais da Cúria romana, o Papa Bento XVI anunciou a sua renúncia ao pontificado.
Fazia tempo que ele pensava no assunto. Em 2010, na entrevista que concedeu ao jornalista Peter Seewald, fora claro: «Quando a dificuldade é grande, não se pode fugir e dizer: "Que outro se ocupe disso!”. Mas, se um papa percebe que já não tem condições físicas, mentais e espirituais para levar adiante as obrigações de seu cargo, tem o direito e, em algumas circunstâncias, o dever de se demitir».
Apesar de não ser novidade na Igreja, seu ato provocou perplexidades. A história lembra outros papas que renunciaram ou foram obrigados a fazê-lo:
São Clemente (88/97), condenado ao exílio pelo imperador Domiciano, passou o cargo a Santo Evaristo; São Ponciano (230/235), desterrado pelo imperador Severo, deixou o lugar para Santo Antero; São Silvério (536/537) foi deposto e substituído pelo Papa Vigílio; São Martinho (649/655), degredado pelo imperador Constante II, acolheu de coração aberto a nomeação do sucessor, Santo Eugênio. Mais complicado foram os casos de Bento IX (1032/1045) e Gregório VI (1045/1046), forçados a deixar a função por mau comportamento.
O papa, porém, que, de acordo com a “Divina Comédia” de Dante Alighieri, «fez a grande renúncia", é São Celestino V. Seu pontificado nem chegou a quatro meses: de 29 de agosto a 13 de dezembro de 1294.
Sentindo-se pequeno diante dos desafios da política eclesiástica, abandonou o cargo e recolheu-se à vida eremítica. O último papa a abdicar foi Gregório XII (1406/1415).
Seu nome está ligado ao “Grande Cisma do Ocidente” (1378/1415), período em que tentaram ocupar o sólio pontifício dois – e, em dado momento, três – papas ao mesmo tempo. Para acabar com o escândalo, ele entregou sua demissão nas mãos de Martinho V (1417/1431).
O gesto de Bento XVI condiz com a sua visão do homem e da Igreja. A idade pesa. O cargo é exigente. A saúde diminui. Reconhecer os próprios limites e desapegar-se do poder é sabedoria e heroísmo. Pode-se servir à Igreja e à humanidade de mil maneiras.
Para tanto, o que importa é tomar consciência de que há tempos e ocasiões diferentes, próprias de cada momento e de cada pessoa. Quem ama, sempre descobre o jeito certo de estar presente e atuante, mesmo quando, por qualquer motivo, precisa se retirar e deixar que outros ocupem o lugar que até agora lhe pertencia.
Evidentemente, a renúncia recebeu também outras interpretações, como a de Ferruccio De Bortoli, diretor do jornal italiano "Corriere della Sera", que a viu como resultado das intrigas que medram no Vaticano: «O ato do Papa foi encorajado pela insensibilidade de uma Cúria que, em vez de confortá-lo e apoiá-lo, apareceu, por diversos de seus expoentes, mais empenhada em jogos de poder e lutas fratricidas».
De acordo com o cardeal brasileiro, Dom João Braz de Aviz, «entre os cardeais, há muita fidelidade, mas também tensões. Existem diferentes estilos, personalidades, formas de viver as coisas. Uns querem o diálogo, outros destacam a autoridade».
O Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, parece sintetizar a opinião de uns e de outros: «O Papa é uma pessoa de grande realismo e conhece os problemas e as dificuldades.
A renúncia foi uma mensagem à Cúria, mas também a todos nós. Foi um ato de humildade, sabedoria e responsabilidade».
Um ato que abre novos horizontes no modo de entender e de gerir a missão do papa na Igreja e que, por isso, fará história.
Dom Redovino Rizzardo, cs