"O melhor meio para evangelizar os jovens são outros jovens"
O papa Francisco encerra a viagem apostólica ao
Brasil e a saudade dá lugar à esperança de um futuro melhor a partir do que foi
semeado em terra boa: a vida dos jovens.
Um jovem de
"76 anos" conseguiu reunir numa praia três milhões e meio de jovens.
Ele conseguiu com
suas palavras, mas, sobretudo, com as suas mostras de humanidade e de
espiritualidade.
O papa Francisco se
viu acompanhado por um frio incomum e por chuva em todos os cantos do Rio de
Janeiro, mas, como bem disse o bispo da cidade no discurso de despedida, era
uma chuva criadora, que ajuda os brotos a germinar e a terra a ser mais
fecunda.
A volta do sol, da
luz e do calor, no fim de semana, foi quase uma imagem daquele crescendo de respostas interiores, que os
jovens foram encontrando na oração, nas catequeses, na proximidade dos
sacramentos.
É este o fruto da
Jornada Mundial da Juventude, é este o significado do saldo altamente positivo
que o porta-voz da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, ressaltou na última
conferência de imprensa.
Em entrevista ao
repórter Gerson Camarotti, veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, a
primeira entrevista do seu pontificado, o papa Francisco respondeu à pergunta
sobre o porquê do declínio dos católicos no Brasil e do crescimento dos
evangélicos.
Ele disse que a
Igreja é como uma mãe que não pode se comunicar somente através de documentos
escritos. A proximidade é necessária. É necessário abraçar, beijar, tocar,
ficar perto do filho e da filha.
É isto o que o papa
Francisco tem feito desde a sua chegada ao pontificado.
É por esta razão
que, na manhã de domingo, um jovem exibiu em Copacabana um cartaz em que estava
escrito: “Papa Francisco, sou evangélico, mas eu amo você”.
Os jovens são
utópicos e isso é bom. A utopia é respirar e olhar para frente. É este o
sentido de nadar contra a corrente, expressão que o papa mencionou diversas
vezes.
Ir em frente sem
medo, para servir, é a ação, a qualidade e o propósito daqueles que são
chamados por Cristo a fazer discípulos além de toda fronteira da segurança
humana e geográfica.
As Jornadas
Mundiais da Juventude são um belo evento, mas não são suficientes se, ao voltar
para casa, não se é evangelizador, cristão vivo, capaz de transmitir a fé aos
outros.
O evangelho é para
todos e não para alguns. Ele não é apenas para aqueles que parecem mais
próximos, mais receptivos, mais acolhedores. É para todos. Foi o que disse o
papa Francisco.
"O melhor meio
para evangelizar os jovens são outros jovens": é por isso que, durante a
homilia, ele também mencionou o glorioso José Anchieta, o beato jesuíta
espanhol enviado em missão ao Brasil quando tinha só 19 anos de idade.
Quando se está com
o Senhor, não se pode ter medo; no seguimento do Senhor, não pode haver
reservas. Servir, afinal, é a condição própria de quem segue a Cristo, que veio
a nós não para ser servido, mas para servir.
O jovem, se amado,
escutado, guiado, contagia de juventude.
No final da viagem
apostólica ao Brasil, fará falta nas ruas do Rio de Janeiro aquele homem
vestido de branco, lembrado com saudade, como disse dom Orani Tempesta.
O papa Francisco,
que não escondeu as suas saudades precoces do Rio, será gratificado pela resposta
dos jovens que, como resultado principal da Jornada Mundial da Juventude, farão
do Campus Fidei de Guaratiba um novo bairro para os pobres, construído com os
recursos voluntários dos próprios jovens em favor de outros jovens, como
família que são; jovens sem terra, sem casa.
A próxima Jornada
Mundial da Juventude estará de volta à Europa, na cidade polonesa de Cracóvia.
Talvez lá também, graças aos peregrinos da Argentina, Francisco possa tomar de
novo o seu chimarrão.
Essa bebida
nacional argentina, que também é típica do sul do Brasil, além de ter
propriedades medicinais, é um ritual de acolhida, de partilha, de fraternidade:
é o que papa Francisco recebeu; é o papa Francisco trouxe à cidade maravilhosa,
graças a uma juventude que sabe maravilhar.
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