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4. A educação da magnanimidade

 Como todas as virtudes a magnanimidade pode e deve ser educada seguindo os meios ordinários para desenvolver as virtudes e paixões. Podemos assinalar os seguintes elementos de educação e auto educação da magnanimidade.

1 O primeiro meio é gerar a estima da mesma virtude. A magnanimidade deve ser apresentada em todo seu esplendor. Na medida em que for amada se colocara os meios para adquiri-la. Os educadores (os pais, professores, os formadores e diretores espirituais) deverão fazer que se conheça esta virtude, sua necessidade, sua beleza intrínseca e os vícios contrários que caracterizam que a possui.

2 O segundo meio educativo são os exemplos virtuosos os que tem praticado eminentemente. Santo Tomas  ao comentar o método da moral na ética a Nicómaco assinala a importância de ensinar os princípios éticos através dos exemplos, pois o campo moral é o terreno do contingente e particular e portanto necessita não só de princípios abstratos senão de modelos que o encarnem. Com respeito a nosso tema há que saber apresentar exemplos tomados de distintas fontes educativas: a Bíblia (começando pelo exemplo do mesmo Jesus e da Virgem), a hagiografia (o modelo de santos missionários e de quem se caracterizou por grandes empresas da caridade, de obras de misericórdia e os que tiveram uma visão extraordinária do mundo e da Igreja) e da historia profana (os conquistadores, descobridores, grandes guerreiros e magnânimos). Também são úteis os exemplos contrários: os dos homens que por sua pusilanimidade ou covardia se maltrataram sem ter feito nada que valesse a pena aos olhos de Deus e dos homens. Estes modelos negativos fazem ressaltar mais a importância da verdadeira virtude, pois como disse o Martin Fierro:

“As sombras sempre servem
 para distinguir a luz”.

3 Em terceiro lugar há que preparar o terreno em que deve crescer a magnanimidade fazendo adquirir as virtudes que imediatamente tem conexão com ela, ou das que dela depende. Se bem a magnanimidade coroa todas as virtudes, disse, no entanto, especial relação com algumas. Neste sentido há que sinalar a fortaleza, da qual é virtude subordinada e com a qual guarda especial analogia; a humildade que como temos dito, à acompanha e complementa impedindo que degenere nos vícios opostos por excesso; e também todas as virtudes que dizem referencia ao bem árduo e ao apetite irascível, objeto da magnanimidade, como a esperança, o zelo, o espírito de sacrifício, a caridade heróica, etc.

4 Em quarto lugar há que tirar internamente as coisas relaxadas da psicologia da magnanimidade. Se define a magnanimidade “como a dilatação da alma até os bens maiores”, nesta definição estão assinalados seus dois elementos essenciais. O primeiro é disposição subjetiva dilatação ou extensão do apetite irascível. Desde este ponto de vista há que potenciar a capacidade de superação do individuo procurando que se proponha metas longes mas realizáveis e logo exigindo-lhes ou exigindo-se não ceder até consegui-las. Terá que lutar, por isto, contra as tendências contrarias, o desengano, a preguiça, a inconstância, o deixar pela metade as obras começadas. Deve-se educar um animo esforçado. Para isso é fundamental incentivar as iniciativas. Ainda quando as empresas de um jovem ou de um menino não vão ter a perfeição dos maiores ou dos experientes, jamais deve-se destruir o entusiasmo; seriam como cortar as assas dos que vão nascendo. Pelo contrario o educador autentico e o formador das almas magnânimas deve apoiar toda iniciativa boa (não as puramente inconstante, nem as que são destinadas evidentemente ao fracasso) e inclusive deveria colaborar com ela na medida de suas possibilidades. Deve-se alentar aos que querem estudar, desenvolver talentos artísticos, ou científicos, aprofundizar temas escrever e publicar livros, criar fontes de trabalho, editar revistas católicas, tentar novos apostolados, etc. É necessário alentar, felicitar e empurrar aos que propõem ideais, ainda que a experiência pessoal não recorde muitas obras análogas começadas e logo abandonadas por nós mesmos. Nunca devemos gozar ou desprezar aos que se ilusionam, e quem isto faz se assemelha, como diz o poeta, aqueles homens estéreis que costumam lançar a baba de seu escepticismo sobre a rosa virgem de qualquer entusiasmo(43)”.

O segundo elemento que nos indica a definição da magnanimidade é seu objeto ao dizermos que é uma dilatação da alma até o “grande e magnífico”. Deste ponto de vista há que fomentar a apetência do verdadeiramente grande exaltando-o, e pelo contrario, minimizando os bens inferiores, ensinando a desprezar o parcial, o mesquinho, incentivando a não contentar-se com o pouco, senão tender sempre ao “mais”.

Em definitiva, como a magnanimidade é a flor das virtudes, terá que trabalhar coroando as virtudes que já possui: fazendo que de ao Maximo, exercitando-as de modo superlativo e heróico.

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