Bento
XVI fala aos casais de namorados.
“O
verdadeiro amor promete o infinito!”, disse Bento XVI em uma mensagem dirigida
àqueles, junto com outra pessoa, buscam colocar as bases para viver um amor
definitivo
Queridos
namorados!
Sinto-me
feliz por concluir este dia intenso, ápice do Congresso Eucarístico Nacional,
encontrando-me convosco, como que querendo confiar a herança deste
acontecimento de graça às vossas jovens vidas. De resto, a Eucaristia, dom de
Cristo para a salvação do mundo, indica e contém o horizonte mais verdadeiro da
experiência que estais a viver: o amor de Cristo como plenitude do amor humano.
Agradeço
a saudação cordial do Arcebispo de Ancona-Osimo, D. Edoardo Menichelli, e a
todos vós por esta vivaz participação; obrigado também pelas perguntas que me
fizestes e que acolho confiando na presença entre nós do Senhor Jesus: só Ele
tem palavras de vida eterna para vós e para o vosso futuro!
Aquilo
que pondes em questão, no atual contexto social, assume um peso maior. Gostaria
de vos oferecer apenas algumas orientações para uma resposta. Em certos
aspectos, o nosso é um tempo difícil, sobretudo para vós jovens.
A
mesa está posta com tantas coisas apetecíveis, mas, como no episódio evangélico
das bodas de Caná, parece que faltou o vinho da festa. Sobretudo a dificuldade
de encontrar um trabalho estável é causa de incerteza sobre o futuro. Esta
condição contribui para adiar a tomada de decisões definitivas, e incide de
modo negativo sobre o crescimento da sociedade, que não consegue valorizar
plenamente a riqueza de energias, de competências e de criatividade da vossa
geração.
Falta
o vinho da festa também a uma cultura que prescinde com frequência de critérios
morais claros: na desorientação, cada qual é estimulado a mover-se de maneira
individual e autônoma, muitas vezes unicamente só no perímetro do presente.
A
fragmentação do tecido comunitário reflete-se num relativismo que afeta os
valores essenciais; a consonância de sensações, de estados de ânimo e de
emoções parece mais importante do que a partilha de um projeto de vida. Também
as opções fundamentais se tornam assim frágeis, expostas a uma revogabilidade
perene, que com frequência é considerada expressão de liberdade, mas ao
contrário, indica a sua carência.
Faz
parte de uma cultura privada do vinho da festa também a aparente exaltação do
corpo, que na realidade banaliza a sexualidade e tende a fazê-la viver fora de
um contexto de comunhão de vida e de amor.
Queridos
jovens, não tenhais medo de enfrentar estes desafios! Nunca percais a
esperança. Tende coragem, também nas dificuldades, permanecendo firmes na fé.
Tende a certeza de que, em todas as circunstâncias, sois amados e protegidos
pelo amor de Deus, que é a nossa força.
Deus
é bom. Por isso é importante que o encontro com Ele, sobretudo na oração
pessoal e comunitária, seja constante, fiel, precisamente como o caminho do
vosso amor: amar a Deus e sentir que Ele me ama. Nada nos pode separar do amor
de Deus!
Depois,
tende a certeza de que também a Igreja está próxima de vós, vos ampara, não
cessa de olhar para vós com grande confiança. Ela sabe que tendes sede de
valores, dos verdadeiros, sobre os quais vale a pena construir a vossa casa! O
valor da fé, da pessoa, da família, das relações humanas, da justiça. Não
desanimeis face às carências que parecem afastar a alegria da mesa da vida.
Nas
bodas de Caná, quando o vinho terminou, Maria convidou os servos a dirigirem-se
a Jesus e deu-lhes uma indicação clara: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5).
Valorizai estas palavras, as últimas de Maria descritas nos Evangelhos, quase
um seu testamento espiritual, e tereis sempre a alegria da festa: Jesus é o
vinho da festa!
Como
namorados estais a viver uma fase única, que abre para a maravilha do encontro
e faz descobrir a beleza de existir e de ser preciosos para alguém, de poder
dizer um ao outro: tu és importante para mim. Vivei com intensidade,
gradualidade e verdade este caminho. Não renuncieis a perseguir um ideal alto
de amor, reflexo e testemunho do amor de Deus!
Mas
como viver esta fase da vossa vida, como testemunhar o amor na comunidade?
Gostaria de vos dizer antes de tudo que eviteis fechar-vos em relações
intimistas, falsamente animadoras; fazei antes com que a vossa relação se torne
fermento de uma presença ativa e responsável na comunidade.
Depois,
não vos esqueçais de que para ser autêntico, também o amor exige um caminho de
amadurecimento: a partir da atração inicial e do «sentir-se bem» com o outro,
educai-vos a «amar» o outro, a «querer o bem» do outro. O amor vive de
gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito do outro.
Queridos
amigos, cada amor humano é sinal do Amor eterno que nos criou, e cuja graça
santifica a escolha de um homem e de uma mulher de se entregarem reciprocamente
a vida no matrimônio.
Vivei
este tempo do namoro na expectativa confiante desse dom, que deve ser aceite
percorrendo um caminho de conhecimento, de respeito, de atenções que nunca
deveis perder: só sob esta condição a linguagem do amor permanecerá
significativa também com o passar dos anos.
Portanto,
educai-vos desde já para a liberdade da fidelidade, que leva a proteger-se
reciprocamente, até viver um para o outro. Preparai-vos para escolher com
convicção o «para sempre» que conota o amor: a indissolubilidade, antes de ser
uma condição, é um dom que deve ser desejado, pedido e vivido, para além de
qualquer mutável situação humana.
E
não penseis, segundo uma mentalidade difundida, que a convivência seja uma
garantia para o futuro. Acelerar as etapas acaba por «comprometer» o amor, que
ao contrário precisa de respeitar os tempos e a gradualidade nas expressões:
tem necessidade de dar espaço a Cristo, que é capaz de tornar um amor humano
fiel, feliz e indissolúvel.
A
fidelidade e a continuidade do vosso gostar um do outro tornar-vos-ão capazes
de estar também abertos à vida, de ser pais: a estabilidade da vossa união no
Sacramento do Matrimônio permitirá que os filhos que Deus vos conceder cresçam
confiantes na bondade da vida.
Fidelidade,
indissolubilidade e transmissão da vida são os pilares de qualquer família,
verdadeiro bem comum, patrimônio precioso para toda a sociedade. Desde já,
fundai sobre eles o vosso caminho rumo ao matrimônio e testemunhai-o também aos
vossos coetâneos: é um serviço precioso!
Sede
gratos a quantos vos acompanham na formação com zelo, competência e
disponibilidade: são sinal da atenção e da solicitude que a comunidade cristã
vos dedica. Não estejais sós: sede os primeiros a procurar e a acolher a
companhia da Igreja.
Gostaria
de voltar mais uma vez a falar de um aspecto essencial: a experiência do amor
tem no seu interior a propensão para Deus. O verdadeiro amor promete o
infinito! Por conseguinte, fazei deste vosso tempo de preparação para o
matrimônio um percurso de fé: redescobri para a vossa vida de casal a
centralidade de Jesus Cristo e do caminhar na Igreja.
Maria
ensina-nos que o bem de cada um depende do escutar com docilidade a palavra do
Filho. Em quem confia n’Ele, a água da vida quotidiana transforma-se no vinho
de um amor que torna a vida boa, bela e fecunda.
De
fato, Caná é anúncio e antecipação do dom do vinho novo da Eucaristia,
sacrifício e banquete no qual o Senhor nos alcança, nos renova e transforma.
Não percais a importância vital deste encontro: a assembleia litúrgica
dominical vos encontre sempre plenamente partícipes: da Eucaristia brota o
sentido cristão da existência e um novo modo de viver (cf. Exort. ap.
pós-sinodal Sacramentum caritatis, 72-73). Então, não tereis medo de assumir a
importante responsabilidade da escolha conjugal; não receareis entrar neste
«grande mistério», no qual duas pessoas se tornam uma só carne (cf. Ef 5,
31-32).
Caríssimos
jovens, confio-vos à proteção de São José e de Maria Santíssima; seguindo o
convite da Virgem Mãe — «Fazei o que Ele vos disser» — não vos faltará o gosto
da verdadeira festa e sabereis levar o «vinho» melhor, aquele que Cristo dá à
Igreja e ao mundo. Também eu gostaria de vos dizer que estou próximo de vós e
de todos os que, como vós, vivem este maravilhoso caminho de amor. Abençoo-vos
de coração!
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